Geralmente as crianças antes de estarem alfabetizadas compreendem a função da língua escrita pois vivem num ambiente em que os pais utilizam a leitura e a escrita no cotidiano, deixando recados, fazendo listas de compras, consultando a lista telefônica, registrando endereços e telefones em agendas, mandando e-mails, enfim, se comunicando através da escrita das mais variadas formas.
Ao considerarmos a localização da Casa Brasil que abriga o Tabor, verificamos que o contexto social não é o descrito acima. Assim, com um alto índice de analfabetismo e de alfabetismo funcional, os educadores perceberam que os educandos, apesar do domínio do código escrito ainda não conseguem ter bem claro o seu uso social e a compreensão dos mais variados tipos de textos que permeiam a vida diária.
Como estratégia para minimizar esta situação foi proposta pela coordenação pedagógica as oficinas de letramento. Segundo Soares (2003, p. 15-25), letramento é “o processo de apropriação das práticas sociais de leitura e de escrita acrescido do envolvimento com as práticas sociais da leitura e da escrita”. Kleiman (1995, p.22) define letramento como “um conjunto de práticas sociais que usam a escrita enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”.
Desta forma, o grande objetivo da oficina de letramento é que as crianças percebam a importância de aprender o código e a habilidade para usá-lo. Assim, ao trabalhar com a literatura e os diversos textos, lendo, escrevendo e criando, pretende-se que elas ampliem e diversifiquem a visão e a interpretação sobre o mundo e sobre a vida.
Importante ressaltar que as oficinas de letramento não ocorrem apenas em salas fechadas da Casa Brasil. O letramento ocorre na rua quando participam de algum evento, quando estão na praça jogando, quando se deparam com placas de trânsito, quando utilizam o trem ou o ônibus, quando cantam, e nas mais diversas atividades que acontecem nos módulos da instituição.
Para que as oficinas atendam aos objetivos procuramos saber: as práticas sociais dos alunos, planejamos as atividades de linguagem escrita e a utilidade que estas possam ter para os educandos, leitura, interpretação e escrita que funcionem dentro da sociedade e que desenvolvam a criatividade, a crítica e a autonomia. Respeitar o conhecimento prévio do aluno, sua fala, sua cultura, avaliar sem objetivar promoção, promover a auto-estima, a convivência, o espírito cooperativo, contextualizando as atividades e especialmente as questões afetivas. Luck (1983, p. 23) ao analisar o desempenho cognitivo discente, alude que, “aumentando-se a intensidade de comportamentos do domínio afetivo, obtém-se diretamente maior intensidade de comportamento do domínio cognitivo”.
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